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Resumos
Este ensaio suscita uma discuss�o acerca da complexidade do esporte adaptado,
diante da forma reducionista como o fen�meno tem sido?? definido ao longo do tempo.
Entende-se que este � um construto complexo e, portanto, a abordagem para o seu
entendimento?? deve ser de pensamento complexo. Foram discutidos os v�rios aspectos
relacionados � pr�tica do esporte pelas pessoas com defici�ncia e?? como os trabalhos
devem ser conduzidos neste campo. Embora o esporte adaptado tenha efeitos positivos
sobre vari�veis como reabilita��o e?? inclus�o social, este n�o pode ser definido apenas
com base nestas quest�es e sim como um fen�meno complexo e abrangente.
Esporte
?? adaptado: abordagem sobre os fatores que influenciam a pr�tica do esporte coletivo em
esporte com r cadeira de rodas
Sport for persons with?? a disability: approach about the factors
that influence the practice of team wheelchair sports
Anselmo de Athayde Costa e
SilvaI; Renato?? Francisco Rodrigues MarquesII; Luis Gustavo de Souza PenaI; Sheila
MolchanskyI; Mariane BorgesI; Luis Felipe Castelli Correia de CamposI; Paulo Ferreira
?? de Ara�joI; Jo�o Paulo BorinI; Jos� Irineu GorlaI
IFaculdade de Educa��o F�sica,
Universidade Estadual de Campinas
IIEscola de Educa��o F�sica e Esporte?? de Ribeir�o
Preto, Universidade de S�o Paulo
RESUMO
Este ensaio suscita uma discuss�o acerca da
complexidade do esporte adaptado, diante da forma?? reducionista como o fen�meno tem sido
definido ao longo do tempo. Entende-se que este � um construto complexo e, portanto,?? a
abordagem para o seu entendimento deve ser de pensamento complexo. Foram discutidos os
v�rios aspectos relacionados � pr�tica do?? esporte pelas pessoas com defici�ncia e como
os trabalhos devem ser conduzidos neste campo. Embora o esporte adaptado tenha efeitos
?? positivos sobre vari�veis como reabilita��o e inclus�o social, este n�o pode ser
definido apenas com base nestas quest�es e sim?? como um fen�meno complexo e
abrangente.
Palavras-chave: Esporte; Defici�ncia; Treinamento.
ABSTRACT
This paper
gives rise a discussion about the complexity of wheelchair sports?? highlighting the
reductionist way in wich the phenomenon has been defined over time. It is understood
that this is a?? complex construct and therefore the approach for its understanding
thought to be complex. We discussed various aspects related to the?? practice of sport
for people with disabilities and how the studies should be conducted in this field.
Although the sport?? has adapted positive effects on variables such as rehabilitation and
social inclusion, this can't be defined solely on these issues,?? but as a complex and
comprehensive phenomenon.
Key words: Sports; Disability; Training.
Introdu��o
O esporte
� um fen�meno sociocultural com formas de manifesta��o?? heterog�neas1. O esporte
adaptado se coloca como uma destas possibilidades, sendo um objeto complexo com ra�zes
na reabilita��o de soldados?? no momento p�s II Guerra2, atualmente � um fen�meno global
que desperta a aten��o devido a in�meras caracter�sticas particulares: possibilidade?? de
ascens�o social, oportunidade de pr�tica em esporte com r condi��es de igualdade, melhorias da
aptid�o f�sica, e condi��es de sa�de entre?? outras.
Estudos t�m associado � pr�tica
esportiva benef�cios relativos � reabilita��o3, � inclus�o social4 e tamb�m � sa�de5.
Tais orienta��es denotam?? paradigmas espec�ficos sobre o esporte adaptado e s�o
derivadas das influ�ncias da sociedade sobre o fen�meno e as decorrentes respostas?? que
este oferece ao espa�o social. Devido � esporte com r pluralidade de manifesta��es, para
analis�-lo de modo amplo, faz-se necess�rio considerar?? esporte com r complexidade.
O pensamento
complexo considera que n�o basta elencar v�rios aspectos de um objeto para entend�-lo
e, mas sim �?? preciso considerar as intera��es entre eles e as influ�ncias m�tuas, sem
hierarquia e considerando suas imprevisibilidades6.
A ideia de Complexidade n�o?? segue o
caminho linear do desenvolvimento (come�o, meio e fim), mas sim, as in�meras
possibilidades de intera��o do objeto com?? o espa�o social. N�o visa desconsiderar a
raz�o ou outra forma de pensamento, mas entende que o pensamento reducionista ignora
?? algumas dimens�es humanas e n�o se faz suficiente para entender a sociedade e os
sujeitos que a comp�em7.
Todavia apesar de?? consenso na literatura sobre a necessidade
de abordagem dos fen�menos de forma complexa e n�o reducionista, o esporte adaptado tem
?? sido apresentado e definido em esporte com r muitas oportunidades a partir de apenas algumas de
suas facetas. No entendimento dos autores?? deste estudo, define-se o esporte adaptado
como um construto complexo que n�o pode ser encarado de forma reduzida � condi��o?? de
prepara��o f�sica, reabilita��o ou ao "status" de "ferramenta de inclus�o". H� o temor
ainda de que a neglig�ncia no?? tratamento do esporte adaptado, oriunda de uma vis�o
reducionista sobre suas formas de manifesta��o, possa resultar em esporte com r preju�zos para
?? os principais envolvidos na pr�tica: os atletas com defici�ncia.
O objetivo geral deste
trabalho �, a partir de reflex�o te�rica, apresentar?? e discutir o esporte adaptado sob
a luz da complexidade de modo a estrutur�-lo como um fen�meno abrangente, que sofre?? e
exerce influ�ncia da sociedade contempor�nea.
Explicar ou descrever o esporte adaptado
exige, mais do que elencar conte�dos e fatores condicionantes,?? considerar que ele tem o
poder de transformar a vida dos sujeitos que com ele se relacionam, assim como tais
?? indiv�duos podem modific�-lo. Diante disso, o objetivo espec�fico deste estudo �
apresentar um modelo para compreens�o do esporte adaptado, contextualizando?? e
relacionando seus conceitos e componentes conformadores com o momento que este campo de
estudo atravessa. A metodologia utilizada se?? baseia em esporte com r tr�s momentos: apresenta��o
e adapta��o do modelo da teoria geral do Esporte de MATVEEV8; an�lise de seus
?? componentes; reflex�o sobre as intera��es complexas caracter�sticas do esporte
adaptado. Com isto espera-se compreender as diferentes facetas e componentes do?? esporte
adaptado, sem perder a no��o de complexidade e influ�ncia m�tua que o
caracteriza.
Fundamentos do esporte adaptado
Esporte adaptado � um?? termo utilizado
apenas no Brasil e consiste em esporte com r uma possibilidade de pr�tica para pessoas com
defici�ncia. Para tanto regras,?? fundamentos e estrutura s�o adaptados para permitir a
participa��o destas pessoas2. Em esporte com r outros idiomas, o termo mais comum �?? Esporte para
pessoas com Defici�ncia ou "Sport for Persons with a Disability"9. J� o termo esporte
Paral�mpico designa as modalidades?? adaptadas que fazem parte do programa dos Jogos
Paral�mpicos.
TWEED e HOWE10 afirmam que o crescimento do esporte paral�mpico se deve?? a
tr�s fatores: efetividade do esporte no processo de reabilita��o, direito das pessoas
com defici�ncia � pr�tica do esporte e,?? car�ter da modalidade enquanto entretenimento.
Por�m, pode-se sugerir que tais componentes n�o se aplicam apenas ao esporte
paral�mpico e sim?? ao esporte adaptado em esporte com r geral.
MATVEEV8 apresentou um esquema que
define a teoria geral do esporte. Em esporte com r tal modelo?? o autor tece considera��es sobre
as inter-rela��es recorrentes entre as diversas �reas do conhecimento quando estas
convergem no esporte. Com?? base no esquema proposto sugere-se um modelo para compreens�o
dos fundamentos do esporte adaptado, no qual os grandes fatores determinantes?? do
fen�meno exercem esporte com r influ�ncia (FIGURA 1). � poss�vel afirmar de forma semelhante ao
proposto por MATVEEV8 que a redu��o?? ou desconsidera��o a algum dos componentes do
modelo resulta em esporte com r preju�zos para o resultado que se pretende atingir no?? esporte
adaptado e possivelmente para seus praticantes. A seguir � apresentada uma descri��o
dos aspectos componentes do modelo.
Aspectos biol�gicos
Em rela��o?? aos componentes
biol�gicos, trata-se de compreender as complica��es relativas � funcionalidade
fisiol�gica, metab�lica e/ou neuromuscular, decorrentes da defici�ncia (adquirida ou
?? cong�nita), que influenciam diretamente o comportamento motor do atleta.
Dessa forma, a
evolu��o no processo de treinamento de alto rendimento no?? esporte adaptado se deve �
an�lise do impacto que a pr�tica esportiva tem na aptid�o f�sica. De modo geral, tais
?? benef�cios podem ser relacionados � composi��o corporal11-12, � fun��o
cardiorrespirat�ria13-14, aos par�metros neuromotores como for�a muscular13,15-17, aos
n�veis de toler�ncia?? do sistema energ�tico anaer�bio para realiza��o de atividades
intensas18-21 e aos componentes das habilidades motoras22.
Aspectos psicol�gicos
A
psicologia do esporte enquanto?? �rea do conhecimento ainda pode ser considerada uma �rea
de t�mida produ��o no Brasil e no que concerne ao esporte?? adaptado, escassos s�o os
trabalhos publicados, o que sugere um vasto campo de pesquisa e interven��o. Estudos
realizados no Brasil?? sobre as influ�ncias do esporte adaptado no dom�nio psicol�gico
relatam melhoras em esporte com r autoconceito e autoestima23 e valoriza��o
pessoal23-24.
Considerando o?? ponto de entrada no mundo do esporte � preciso ter a
consci�ncia de que sujeitos que adquirem alguma defici�ncia na?? idade adulta tendem a
desenvolver no esporte expectativas que deem ao fen�meno uma conota��o mais intensa de
supera��o em esporte com r?? detrimento aos seus pares com defici�ncia cong�nita ou adquirida
ainda na inf�ncia. Assim sendo � imprescind�vel saber a origem da?? defici�ncia, afinal a
pessoa cuja defici�ncia � cong�nita n�o deve ter experimentado as mudan�as repentinas
oriundas da defici�ncia25. Em esporte com r?? contrapartida, uma pessoa com a defici�ncia
cong�nita pode ter passado por priva��es quanto �s experi�ncias motoras e
discrimina��es o que?? faz com que seja necess�rio conhecer estas implica��es para melhor
constru��o do di�logo a ser estabelecido com cada atleta25.
De acordo?? com FIGUEIRA26 a
defici�ncia interfere n�o apenas na pessoa que a possui (nos aspectos personalidade,
rela��es familiares e sociais, aspectos?? estruturais ou funcionais), mas tamb�m no
profissional que com ela trabalha o que acarreta a necessidade de capacita��o
profissional para?? lidar com o atleta deficiente.
Previamente ao in�cio do trabalho com
modalidades adaptadas torna-se imperativo conhec�-la em esporte com r suas min�cias (e.g.:
?? regras, caracter�sticas principais, car�ter eletivo e excludente, classifica��o
funcional etc), e conhecer todas as implica��es da defici�ncia para o atleta?? praticante
de determinada modalidade. Uma destas implica��es reside na quest�o ambiental. A
acessibilidade nem sempre � garantida principalmente �s pessoas?? usu�rias de cadeira de
rodas, trazendo in�meros empecilhos, transtornos e constrangimentos. Al�m disso,
aspectos relativos aos deslocamentos para treinos e?? viagens podem requerer aux�lio em
esporte com r termos de material humano (por exemplo, enfermeiros) e estrutura (�nibus e
autom�veis adaptados etc)?? o que pode influir sobre o estado psicol�gico do atleta
diante de situa��es competitivas.
Trabalhar com atletas que possuem defici�ncias,
tamb�m?? requer o entendimento de vari�veis psicol�gicas que afetam as performances
individuais. RAVIZZA27 descreve a autoconsci�ncia como o conhecimento sobre as?? pr�prias
emo��es, pensamentos e comportamentos. Este conhecimento � importante porque
possibilita ao atleta identificar seus pontos fortes e fracos o?? que influ�ncia nas
metas dos treinos e competi��es segundo BUTLER e HARDY28.
O aspecto motivacional �
outro ponto de vital import�ncia?? no trabalho com atletas deficientes. SHEARER e
BRESSAND25 apontam fatores que podem motivar a pr�tica esportiva por este sujeito e
?? destacam que muitos atletas vislumbram no esporte a possibilidade de se firmarem
enquanto pessoas "normais" e portanto podem encarar o?? fen�meno como uma "ajuda" � sua
defici�ncia. Por este ponto ressalta-se a propriedade inclusiva do esporte, pois o
simples fato?? de estar engajado na pr�tica esportiva j� altera o paradigma da pessoa com
defici�ncia fazendo com que esta se veja?? de forma diferente.
O processo de avalia��o
psicol�gica ir� permitir a melhora da psicodin�mica (funcionamento psicol�gico) dos
atletas visando torn�-la mais?? compreens�vel e, com isso a comiss�o t�cnica passa a
compreender de forma mais efetiva o os diferentes comportamentos frente a?? variadas
situa��es. Isto corroborar� na montagem de treinamentos mais assertivos e de acordo com
as capacidades individuais, o que certamente?? ir� contribuir para a excel�ncia de
desempenho.
Aspectos da modalidade
Cada modalidade � dotada de particularidades que
ir�o direcionar o planejamento e?? a subsequente condu��o das atividades. Um princ�pio
primordial a ser observado � que em esporte com r fun��o da classifica��o funcional, os?? atletas
ir�o apresentar diferentes potenciais funcionais. Como exemplo, � poss�vel citar o caso
do "rugby" em esporte com r cadeira de rodas,?? esporte no qual, em esporte com r fun��o da classifica��o
funcional acabam por existir dois grupos nos quais os atletas s�o subdivididos:?? "pontos
baixos", cuja classifica��o varia de 0,5 a 1,5 e que s�o jogadores cuja caracter�stica
� de a��o defensiva atrav�s?? de bloqueios nas situa��es de ataque e defesa, ou seja, s�o
atletas que ir�o trabalhar em esporte com r fun��o do outro?? grupo os chamados "pontos altos". A
classifica��o para estes varia de 2,0 a 3,5 e s�o jogadores que desempenham fun��o?? mais
agressiva e t�m a responsabilidade de carregar a bola nas situa��es de ataque.
Tal
diferen�a em esporte com r volume funcional �?? recorrente nos esportes coletivos em esporte com r cadeira
de rodas. Cabe ao t�cnico conhecer o sistema de classifica��o em esporte com r suas
?? particularidades, pois um erro de julgamento pode fazer com que um atleta seja treinado
para uma fun��o n�o condizente com?? seu potencial funcional. Al�m disso, para aquelas
modalidades que possuem semelhan�a com a vers�o convencional, � preciso que os t�cnicos
?? tenham consci�ncia das diferen�as existentes em esporte com r rela��o ao esporte adaptado.
Tomando como exemplo o caso do Handebol em esporte com r?? Cadeira de Rodas (HCR) o sistema de
posicionamento convencional bem como as habilidades a serem desempenhadas com a bola
deve?? ser analisado com certo cuidado. Um atleta tetrapl�gico, por exemplo, n�o � capaz
de executar as habilidades em esporte com r que?? se exige manipula��o da bola da mesma forma que
amputados e parapl�gicos, devido ao maior grau de comprometimento neuromuscular que
?? afeta os membros superiores. Neste caso tal atleta est� apto a desempenhar as fun��es
de bloqueio e marca��o que s�o?? fun��es t�ticas de grande import�ncia para a equipe, ou
seja, cabe ao t�cnico saber motivar o atleta para o cumprimento?? daquela fun��o.
O foco
da pr�tica pedag�gica deve ser na pessoa que pratica a atividade, portanto ao lidar com
o atleta?? com defici�ncia, � importante considerar as especificidades que cercam o
sujeito, como por exemplo, tempo de les�o, funcionalidade e experi�ncias?? motoras
pr�vias. Dessa forma, o profissional deve controlar o ambiente e os objetivos de acordo
com o indiv�duo, para que?? a pr�tica seja ben�fica29.
Um aspecto interessante do esporte
adaptado � que diferentemente do esporte convencional o processo de inicia��o esportiva
?? muitas vezes tende a ser acelerado/condensado. Espera-se que na fase de inicia��o
esportiva, o atleta deva conhecer os fundamentos b�sicos?? de cada modalidade. No caso de
esportes em esporte com r cadeira de rodas, ao receber um sujeito amputado ou com les�o?? na
medula espinhal, o primeiro fundamento a ser trabalhado, deve ser o contato com a
cadeira de rodas esportiva, pois?? isto possibilitar� em esporte com r fase posterior, conhecer os
fundamentos espec�ficos da modalidade escolhida.
No trabalho de base � fundamental a
aquisi��o?? de habilidades motoras e fundamentos t�cnicos. As principais estrat�gias para
esse trabalho s�o os exerc�cios sincronizados e anal�ticos. Todavia, deve-se?? entender a
fun��o dessas estrat�gias e n�o tornar a t�cnica como um ponto de chegada, limitando a
abordagem dada �?? modalidade esportiva. A t�cnica deve ser considerada como um ponto de
partida, possibilitando a aquisi��o de um maior repert�rio motor,?? ou seja, mais
ferramentas para a resolu��o dos problemas inerentes ao jogo30.
Segundo FERREIRA et
al.31, ao ensinar uma modalidade coletiva,?? deve-se combinar elementos espec�ficos do
jogo, como aspectos t�cnicos e t�ticos, com a compreens�o do jogo, atrav�s de
situa��es-problema, em?? esporte com r ambientes abertos. No esporte adaptado, essas estrat�gias
s�o fundamentais na aquisi��o de habilidades motoras, principalmente na fase de
inicia��o,?? onde rela��es com a cadeira de jogo, entendimento da modalidade, s�o
imprescind�veis para o sucesso esportivo.
Al�m da organiza��o do ambiente,?? para se
obter �xito esportivo, deve-se levar em esporte com r conta aspectos gen�ticos e a metodologia
da aprendizagem e do treinamento.?? Outro fator importante, na fase de inicia��o, � a
variedade de est�mulos nas primeiras fases e o trabalho com a?? especificidade de cada
modalidade e a posterior especializa��o32.
Quando a defici�ncia � cong�nita, o processo
de inicia��o esportiva pode se dar?? da mesma forma que no esporte convencional, tomando
cuidado sempre de adaptar as atividades e exig�ncias de acordo com o?? n�vel do
praticante, al�m de proporcionar est�mulos espont�neos, que facilitem o entendimento da
pr�tica esportiva e aquisi��o de habilidades motoras.
Aspectos?? sociais
O esporte � um
fen�meno permeado por valores e simbolismos pr�prios, que tanto transformam quanto
sofrem influ�ncia da sociedade em?? esporte com r que se insere. Analis�-lo como ambiente de
rela��es humanas exige compreend�-lo como objeto com m�ltiplas formas de
manifesta��o1,33. O?? esporte adaptado se configura como uma delas e tem no movimento
paral�mpico esporte com r faceta de maior destaque atualmente, principalmente por?? suas
caracter�sticas de alto rendimento.
O profissionalismo mais acentuado no esporte
paral�mpico nos �ltimos anos n�o o privou de continuar promovendo?? o empoderamento (do
ingl�s "empowerment") para pessoas com defici�ncia, por�m o levou a cumprir fun��o
social com base em esporte com r?? perspectivas de mercado e comercializa��o. Essa mudan�a de
perspectiva tem aumentado o poder econ�mico de suas entidades organizadoras34. O
profissionalismo?? tem sido a fonte do crescimento e abrang�ncia do esporte paral�mpico
em esporte com r escala mundial, mas ao mesmo tempo tamb�m?? tem motivado algumas discuss�es sobre
formas de atua��o de administradores, t�cnicos, atletas, �rbitros, classificadores,
entre outros agentes sociais.
Um t�pico importante?? caracteriza-se pelo potencial
inclusivo deste fen�meno. O esporte adaptado posiciona-se na sociedade contempor�nea
como importante meio de inclus�o social e?? empoderamento de pessoas com defici�ncia,
por�m o componente competitivo lhe confere uma face excludente, na qual sujeitos s�o
selecionados e?? comparados frente esporte com r capacidade atl�tica35. O crescimento da
import�ncia social e do profissionalismo presente no esporte paral�mpico lhe confere um
?? papel paradoxal frente � inclus�o de pessoas com defici�ncia. Por um lado, pode ser
tomado como importante meio de divulga��o?? de pr�ticas esportivas adaptadas e forma de
ascens�o social, mas por outro, os mecanismos de classifica��o e competi��o esportiva
remetem?? ao destaque de poucos atletas neste espa�o36.
A pr�tica esportiva pode ser um
componente facilitador para a inclus�o social, pois possibilita?? aos atletas fazerem
parte de um grupo no qual existem mais pessoas com as mesmas condi��es e seus feitos
s�o?? valorizados37. Por�m, o limiar entre o sucesso e o fracasso � muito t�nue, sendo
dependente de configura��es espec�ficas, como os?? sistemas de classifica��o. Por
exemplo, em esporte com r modalidades individuais, fazer parte do grupo menos comprometido em
esporte com r uma classe pode?? simbolizar maiores chances de sucesso do que ser um dos mais
comprometidos em esporte com r outra5, e em esporte com r modalidades coletivas?? a pontua��o recebida pode
facilitar ou dificultar a participa��o nos jogos38. Assim, os classificadores recebem
destaque como agentes de grande?? poder social neste espa�o5.
Outra quest�o relevante
quanto � inclus�o social diz respeito � representatividade pol�tica de pessoas com
defici�ncia em?? esporte com r �rg�os de administra��o paral�mpica. Atletas canadenses,
norte-americanos, brit�nicos e israelenses apontaram o esporte como um meio de
manifesta��o pol�tica?? das pessoas com defici�ncia, tanto como forma de posicionamento e
exig�ncia de melhores condi��es na sociedade como um todo, quanto?? dentro do pr�prio
movimento paral�mpico39. A presen�a de administradores com defici�ncia nos principais
cargos de organiza��o esportiva pode ser consequ�ncia?? do anseio por representatividade
da classe de atletas e forma de afirma��o de autonomia destes sujeitos frente ao espa�o
social40.
Aspectos?? de avalia��o motora em esporte com r esporte adaptado
A avalia��o serve a um
objetivo importante na �rea do Esporte Adaptado. Quando realizada?? sob v�rios aspectos
do comportamento motor de um indiv�duo, torna poss�vel ao especialista em esporte com r Educa��o
F�sica Adaptada/Esporte Adaptado monitorar,?? identificar e obter esclarecimentos sobre
estrat�gias a serem aplicadas.
Segundo DEPAUW41 a investiga��o, anterior aos anos 70,
sobre a atividade f�sica?? em esporte com r indiv�duos deficientes, foi sobretudo descritiva,
concentrando-se em esporte com r tr�s �reas fundamentais: a) identifica��o de problemas motores;
b) efeitos?? da atividade f�sica; c) descri��o do crescimento e do desenvolvimento das
crian�as deficientes. Naquela d�cada, centraram-se sobretudo na fisiologia e?? na
biomec�nica. Nos anos 80, segundo a mesma autora, deu-se um aumento substancial das
investiga��es. As �reas de estudo diversificaram-se?? e os procedimentos tornaram-se mais
sofisticados e variados.
Os esfor�os sistem�ticos da investiga��o foram devotados ao
entendimento das bases cient�ficas, fisiol�gicas?? e biomec�nicas do desempenho. Entre o
per�odo de 2000 a 2012, houve um grande crescimento das pr�ticas de esportes adaptados
?? e, com isso, a necessidade da sistematiza��o dos processos de avalia��o e dos programas
de interven��o42. As investiga��es no per�odo?? de 2000 at� as mais recentes podem ser
agrupadas nas seguintes �reas: a) ensino e aprendizagem das atividades f�sicas; b)
?? fatores de influ�ncia na atividade f�sica; c) efeitos da atividade f�sica; e d)
habilidades motoras e performance (rendimento).
Acredita-se que a?? identifica��o dos
perfis neurol�gico, fisiol�gico, morfol�gico, psicol�gico, social e de desempenho motor
das pessoas com defici�ncias ir� fornecer um conhecimento?? significativo sobre essa
popula��o. No mesmo sentido, quando esses fatores forem relacionados � pr�tica dos
esportes, poder�o ser geradas informa��es?? que auxiliem em esporte com r melhores estrat�gias de
planejamentos para modalidades esportivas.
Reflex�es sobre o esporte adaptado
Neste
estudo optou-se por uma abordagem?? que faz uso do pensamento complexo6, pois se entende
que esta � uma forma de considerar as m�ltiplas influ�ncias que?? conferem ao fen�meno um
car�ter de imprevisibilidade. Pelo exposto neste ensaio define-se que os fatores
componentes do construto esporte adaptado?? podem ser agrupados em esporte com r quatro grupos
sendo, aspectos biol�gicos, aspectos psicol�gicos, aspectos da modalidade e por fim
aspectos sociais?? e o conceito aqui definido � que o esporte adaptado � algo mais do que
a soma destes fatores.
Cabe ao?? professor de educa��o f�sica adaptada (e.g.: t�cnicos,
instrutores etc) lidar com diferentes situa��es que s�o pass�veis de ocorrer em esporte com r
?? decorr�ncia das varias facetas do fen�meno esporte. Esta multiplicidade confere ao
esporte um car�ter de imprevisibilidade. Dessa forma n�o �?? poss�vel estabelecer modelos
preditores que possibilitem a estimativa de forma confi�vel do resultado
esportivo.
Diferentes s�o os quadros que podem ser?? encontrados na pr�tica do esporte.
Cada pessoa pode ser considerada um sistema composto pela esporte com r defici�ncia (e suas
peculiaridades), pelos?? seus objetivos pessoais (os quais podem estar relacionados �
quest�o psicol�gica, a quest�o social entre outras), pelos aspectos biol�gicos (e?? aqui
se inserem as capacidades e potencialidades para a pr�tica de uma determinada
modalidade) e, que ir� atuar num contexto?? determinado pelas especificidades da
modalidade.
O estabelecimento de um paradigma mais complexo sobre o esporte adaptado
causa o entendimento do fen�meno?? e suas inter-rela��es (FIGURA 1). Com isto poss�vel
entender o atleta como um todo e n�o apenas como um organismo?? que responde ao
treinamento de forma biol�gica (no caso do treinamento ou da reabilita��o) ou de forma
psicol�gica (no caso?? da inclus�o). Neste sentido � poss�vel ampliar o entendimento
acerca da avalia��o, ou seja, � poss�vel planejar o processo avaliativo?? para torn�-lo
mais abrangente e efetivo.
Entende-se tamb�m que o modelo para compreens�o do esporte
adaptado, aqui proposto, tem um efeito?? sobre o atleta com defici�ncia, o qual �
entendido como o principal sujeito daquele campo de estudo/trabalho. Assim cai por
?? terra a vis�o de que somente o treinamento f�sico seja o grande respons�vel pelo
resultado esportivo. Embora seja de grande?? import�ncia, cabe ressaltar a influ�ncia dos
demais aspectos (FIGURA 1) que podem ser expressas nas quest�es individuais que agem no
?? indiv�duo.
A t�tulo de resumo � poss�vel apontar alguns aspectos referentes ao esporte
adaptado os quais resumem os t�picos mais relevantes?? deste ensaio. Em esporte com r primeiro
lugar entende-se que o esporte adaptado � um fen�meno complexo e este entendimento n�o
deixa?? espa�o para defini��es do esporte baseadas em esporte com r suas facetas, como, por
exemplo, esporte como fator de reabilita��o ou inclus�o.?? O pensamento complexo acerca
do esporte pode permitir aos t�cnicos a realiza��o de um trabalho mais consistente a
partir do?? momento que o profissional entende que v�rios s�o os fatores que ir�o definir
o resultado esportivo. Esta abordagem abre novas?? possibilidades de investiga��o, pois
s�o necess�rias evid�ncias que possibilitem a quantifica��o das rela��es existentes
entre as facetas do modelo.
Notas
O autor?? Anselmo de Athayde Costa e Silva � bolsista
Capes de Doutorado.
Os autores Luis Gustavo de Souza Pena, Luis Felipe Castelli?? Correia
Campos foram bolsistas CNPq de Mestrado, durante a elabora��o do trabalho.
Recebido
para publica��o: 30/01/2013
Aceito: 18/02/2013
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s�rie A do Campeonato Brasileiro (eis a �ntegra da?? den�ncia � 15,6 MB).
At� o momento, 15 jogadores foram denunciados e 7 se tornaram r�us.
O MP-GO cobra dos envolvidos ressarcimento?? de R$ 2 milh�es por danos morais coletivos. e